Iberian Historic Endurance: Grelha de luxo promete espetáculo no Estoril Classics

O Autódromo do Estoril prepara-se para reviver a era dourada do desporto automóvel entre os dias 3 e 5 de outubro de 2025, com mais uma edição do Estoril Classics. Organizado pela Race Ready, o evento culminará, no domingo, com a tradicional corrida de encerramento do programa: o Iberian Historic Endurance, verdadeiro ponto alto do fim de semana. 

Com o apoio da Liqui Moly — marca de referência mundial que disponibiliza uma gama ímpar de produtos para o setor automóvel, desde óleos de motor e aditivos a lubrificantes, massas, sprays de manutenção, cuidados para o veículo, bem como soluções adesivas e selantes — a prova afirma-se como uma das mais relevantes do calendário. Reunindo pilotos e equipas da mais prestigiada competição de clássicos do sul da Europa, apresenta uma lista de inscritos excecionalmente rica e diversificada, prometendo um espetáculo de primeira ordem com o confronto entre carros de Turismo, GT e Protótipos que marcaram a história do automobilismo até 1976.

No Autódromo do Estoril estarão presentes quarenta e cinco carros em pista, e mais 5 equipas em reserva, com mais de setenta pilotos de doze nacionalidades diferentes em competição, numa grelha de partida que contará com catorze construtores automóveis distintos. A corrida de 50 minutos de domingo é antecedida pela sessão de qualificação na tarde de sábado.

GDS: Pequenos grandes carros

A categoria GDS (Gentleman Driver Spirit), reservada a carros de Turismo Especiais pré-1965 com motores até 2000cc e pré-1976 com motores até 1300cc, oferece uma competição acessível, mas não menos animada dentro de pista. Após vários anos de ausência, regressa Dominique Vananty ao volante de um BMW 1800 Ti, um modelo que já competiu no Historic Endurance há mais de uma década. O ex-velejador Vincent Tourneur regressa à competição, pilotará um Porsche 911 SWB. Sempre um dos favoritos da classe, o Alfa Romeo Giulia Ti Super, assistido pela Veiga Motorsport, marca também o seu regresso após o duplo pódio no início do ano, em Portimão, com o seu trio habitual de pilotos: Rui Bevilacqua, António Magalhães e Nuno Veiga.

João Neves e Francisco Gonçalves, vencedores da GDS na edição do ano passado, tentarão repetir a façanha com o mesmo Datsun 1200, um modelo marcante da história do automobilismo português. A dupla pai e filho, Alberto e Tomaz Velez-Grilo, no seu BMW 1800 TiSA, e o duo ibérico Guillermo Velasco e Francisco Freitas, novamente ao volante de um Datsun 1200, figuram igualmente como fortes candidatos aos lugares do pódio. A completar a lista de participantes, Nuno Nunes será o grande favorito após as suas vitórias em Jarama e Valência, competindo ao volante do seu Porsche 911 SWB, sabiamente preparado pela Garagem João Gomes.

H-1965: Uma geração de excelência

Numa competição também estruturada por categorias históricas, a H-1965, reservada a carros até esse ano, é uma das mais relevantes. Neste grupo, os duelos entre as elegantes máquinas britânicas e os brutais V8 americanos são uma constante. O sueco P-A Forsvall competirá ao volante de um Lotus Elan da primeira geração e o universo do construtor fundado por Colin Chapman contará ainda com o Lotus Elan de Richard Bateman e Roger Barton, dois experientes pilotos britânicos de clássicos. Do lado dos verdadeiros gigantes desta categoria, Timothy Mahapatra trará um dos carros mais cobiçados da grelha, um Jaguar E-Type Semi-Lightweight. Já a dupla Rhea Sautter e Andrew Newall levará à pista um Jaguar E-Type, que se destaca não só pela sua cor mas também por rodar habitualmente nos lugares cimeiros.

A potência norte-americana terá uma forte representação neerlandesa, liderada pelo regressado Bart Uiterwaal, que conduzirá sozinho o seu Ford Mustang, a que se juntam Harmen van Putten e Jurriaan Nederpelt, ambos nos respetivos Shelby Mustang GT350. A clássica rivalidade entre Ford e Shelby Cobra estará em evidência com dois exuberantes exemplares concebidos por Carroll Shelby, um de Brice Pineau e outro de Laurent Jaspers.

Mas nem todo o pelotão se resume a marcas anglófonas, pois Christian Oldendorff pilotará uma verdadeira lenda das pistas, o Alfa Romeo TZ2, inconfundível pelo seu design aerodinâmico e elegância típicas da caneta de Ercole Spada. Para além do Mustang de Jurriaan Nederpelt, a escuderia neerlandesa Racing Team Holland apresentará, para Pieter Boel e Ricardo Boel, um dos carros mais espetaculares à partida: o exótico e potente Iso Grifo A3/C, um carro desenhado por Giotto Bizzarrini quando decidiu abandonar a Ferrari.

A luxuosa lista de participantes desta categoria engloba dois dos desportivos mais puros de sempre: o Porsche 904/6, assistido pela equipa Raul Cunha Vintage Cars Garage e pilotado por Thorkild Stamp e Michael Holden, e o Porsche 356 B do brasileiro Fabiano Vivacqua Jr.

A lista de inscritos completa-se com um charmoso Ferrari 275 GTB Competizione, uma das expressões mais elegantes e puras da Ferrari no universo das corridas GT. O rugido do seu V12 continua a ser música para os apaixonados, e o carro será confiado aos experientes Andreas Rolner e Michael Holden — este último alinhará, assim, em dois carros distintos na mesma corrida.

 H-1971: A riqueza da diversidade 

A categoria H-1971 reúne uma geração de carros que marcaram o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, com vários pilotos bem conhecidos do Historic Endurance. Entre os carros de Turismo, Rafael Cerveira Pinto e Carlos Dias Pedro dividirão o volante do seu Alfa Romeo GT Am, enquanto Domingos Sousa Coutinho inscreveu um BMW 2800 CS. A mesma equipa, a reputada RP Motorsport, contará ainda com Luís Sousa Ribeiro ao volante de outro BMW 2800 CS. Volker Hichert e Arthur Hichert, da Curated Garage, formarão dupla ao volante de um Alfa Romeo GT Am. Também Henry Wegener, da equipa Fernandes Racing, com sede em Hamburgo, alinhará com um outro competitivo Alfa Romeo GT Am. A marca de Arese conta ainda com outro GT Am, inscrito pela Garagem João Gomes para Alex Nabuco e José Carvalhosa. Rui Garcia alistou-se com uma raridade italiana, um Fiat 124 Sport Coupé, preparado pela Mr Wheeler Motorsport,

Entre os carros de Grande Turismo, a Garagem João Gomes apresenta-se com os espanhóis Ildefonso García e Alfonso García num Porsche 911 2.3 ST. Já a Aurora Motorsport traz um dos carros mais potentes da grelha e dos mais adorados pelo público: o Chevrolet Corvette L88, confiado a Pedro Bethencourt e Jorge Nogueira Pinto. A mesma equipa, braço desportivo da mítica Garagem Aurora, levará igualmente à pista os espanhóis António Castro e Ángel Lanchares, com um Porsche 911 2.5 ST.

O veterano e respeitado Manuel de la Torre guiará um Porsche 914/6, o modelo de motor central da marca alemã, e Carlos Matos e Nuno Matos, da MR Auto, competirão com um Porsche 914/6 GT, uma versão ainda mais radical do modelo. 

O número de participantes poderá ainda aumentar caso haja desistências até ao dia da prova. A lista de reservas inclui Manuel Ferrão, da Moutinho Motorsport, com um Ford Escort TC ex-Team Palma, com que Antonio Peixinho correu na época de 1969; a dupla Filipe Carvalho e António Carmona, com um Datsun 1600 SSS; e José Oliveira, com mais um Alfa Romeo GT Am preparado pela Rosario Classic.

H-1976: Entre Estugarda e Deaborn

Os carros da categoria H-1976 representam o auge da evolução dos clássicos antes do advento de tecnologias mais complexas. Motivados após a vitória na segunda corrida de Valência, Carlos Brizido e Miguel Lobo enfrentarão o desafio com o Porsche 911 3.0 RS vermelho e branco da MRAuto. A Garagem João Gomes inscreveu a dupla João Santos e José Carvalhosa num Porsche 911 3.0 RS, enquanto a Aurora Motorsport também tem uma dupla que aposta neste modelo, com Bruno Santos e Tiago Santos a partilharem a condução de outro Porsche 911 3.0 RS. Robin Ellis, inscrito pela equipa inglesa JWA Racing, que há mais de uma década competiu no Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC), trará um dos 911 mais extremos de sempre, o Porsche 911 2.8 RSR, o mesmo carro que venceu esta classe na primeira contenda da primeira edição do Valencia Iberian Racing Festival.  

Dado à indisponibilidade do seu Ford GT40, Paulo Lima junta-se a Pedro Melo num competitivo Ford Escort RS2000, carro visto já este ano na Carrera 80. Para fechar o lote, e a estrear-se no Historic Endurance, Neil Merry competirá com um Ford Capri, um carro espectacular que ainda ostenta as vestes vermelhas da Gordon Spice Racing.

GTP & SC: Teoricamente os mais rápidos

Finalmente, a categoria GTP & SC agrupa protótipos e carros especiais. João Mira Gomes e Nuno Afoito, do Centro Clássico, trarão um clássico dos clubman, o Lotus Seven e que já conquistou uma edição dos 250 km do Estoril. James Guess e Tom Canning competirão com um Ginetta G10, da Feathers Motorsport, um carro que a agilidade e rapidez lhe é reconhecida e que já venceu provas do Historic Endurance no passado. Carlos Barbot e Filipe Vieira de Campos estarão ao volante de um Merlyn MK4, um pequeno protótipo de construção inglesa com boas recordações do Autódromo do Estoril, onde venceu os 250 km (2020). 

O rápido belga Olivier Muytjens terá a honra de pilotar uma lenda absoluta, o Ford GT40, um carro inscrito pela da HY Racing que se estreou no Historic Endurance na última prova em Valência. Da lista de reservas, Filipe Nogueira, filho de Joaquim Filipe Nogueira, nome que escreveu alguns capítulos do automobilismo nacional, espera a oportunidade de competir com um Lotus 23B.

Index de Performance: O verdadeiro espírito dos clássicos

Sob o lema “Relaxed Historic Racing” e com o propósito de proporcionar corridas vibrantes de automóveis clássicos para Gentlemen Drivers nos mais prestigiados eventos e circuitos do sul da Europa, o Historic Endurance não se entende sem a presença do emblemático Index de Performance.

Trata-se de uma classificação muito particular, na qual o vencedor raramente coincide com o primeiro a cruzar a linha de meta. Pelo contrário, a distinção recai sobre aquele que melhor souber extrair da sua máquina o máximo rendimento, tendo em consideração fatores como a idade, a cilindrada e o tipo de carroçaria do automóvel. É precisamente esta equação que confere ao troféu um prestígio especial, pois valoriza a mestria do piloto em pleno diálogo com as especificidades técnicas do seu clássico. 

Na edição transacta, o Alfa Romeo de Rui Bevilacqua e António Magalhães sagrou-se vencedor, conquistando não apenas o aplauso dos presentes, mas também um magnífico exemplar do relojoeiro suíço de excelência, com alma latina, Cuervo Y Sobrinos.

Para a presente corrida, a luta promete ser igualmente renhida, com um lote de candidatos de enorme qualidade. Entre os favoritos surgem novamente os ágeis e carismáticos Porsche 356, o popular Datsun 1200, os elegantes e eficazes Lotus Elan, aos quais se junta a expectativa de uma eventual surpresa vinda do irreverente Fiat 124 Sport Coupé.

Mais do que uma simples corrida, o Index de Performance é uma celebração da diversidade técnica e histórica do automobilismo, um tributo à paixão por máquinas que, apesar da sua idade, continuam a escrever páginas de emoção nas pistas europeias.